Editorial Arauto 77
Altruísmo
Vivemos um momento de transformação social e económica, onde necessitamos de combater o egoísmo, o apego excessivo aos próprios interesses, nos comportamentos de pessoas que não têm em consideração os interesses dos outros, sobrepondo-se muitas vezes na presunção e na tendência para a exclusão dos restantes, numa tentativa de tornarem-se a única referencia sobre tudo.
Enquanto católicos não ficamos indiferentes a mensagem do cardeal António Marto, “É com muita dor e tristeza de alma e coração, mas também com grande sentido de responsabilidade, que comunico que o Santuário de Fátima irá celebrar a Grande Peregrinação Internacional Aniversária de maio sem peregrinos fisicamente presentes, sem a presença física de peregrinos, como tem sido habitual”.
Precisamos de acreditar que os seres humanos não são apenas mais uma parte do universo material, mas completados numa vertente espiritual do Ser Homem. Encontramos uma base transcendente para nossa reivindicação da liberdade humana e a nossa sugestão de que os direitos inalienáveis vêm de alguém maior do que nós. Ninguém fez mais para recordar o mundo da verdade da dignidade humana, bem como do facto de que a paz e justiça começam em cada um de nós, que aquele homem especial que veio a Portugal há uns anos, anos depois de ter sofrido um terrível atentado. Veio cá, a Fátima, o local do nosso grande santuário, movido pela sua especial devoção a Maria, para pedir pelo perdão e pela compaixão entre os homens, para rezar pela paz e o reconhecimento da dignidade humana através do mundo. Reside no exemplo dele, do nosso Papa Francisco, e nas orações de pessoas simples em todo o mundo, mais poder do que em todos os grandes exércitos e estadistas do mundo. Isto é algo que podemos ensinar ao mundo, pois a grandeza da comunidade reside em cada um, no testemunho de uma fé que justifica todas as reivindicações de dignidade e liberdade dos homens. Aqui se encontra a realização final do sentido da vida e do propósito da história e aqui se encontra a fundação para uma ideia revolucionária – a ideia de que os homens têm o direito de determinar o seu próprio destino.
Não podemos sair da pandemia tal como entrámos. Por muito que nos custe assumir, e contra mim falo, não damos muitas vezes importância ao que mais importa na vida. Quase todos conhecemos já pessoas atingidas pela pandemia e não sabemos o que nos poderá acontecer. Assim como devemos tomar todos os cuidados exteriores para não sermos focos de infeção, precisamos de cuidar do nosso interior, dos nossos sentimentos mais fundos.
Estamos na Semana Santa. Que saibamos todos viver o essencial, experimentando a alegria profunda que brota do amor.
Uma Santa Páscoa para todos!