Editorial Arauto 65
“Populorum Progressio”.
Populorum progressio (“Progresso dos povos”) é uma famosa encíclica escrita pelo Papa Paulo VI e publicada em 26 de Março 1967.
A encíclica é dedicada à cooperação entre os povos e ao problema dos países em desenvolvimento. O texto denuncia o agravamento do desequilíbrio entre países ricos, critica o neocolonialismo e afirma o direito de todos os povos ao bem-estar. A encíclica propõe a criação um grande Fundo mundial, sustentado por uma parte da verba das despesas militares, para vir em auxílio dos mais deserdados.

O texto critica tanto o ‘liberalismo sem freio que conduziu ao “imperialismo internacional do dinheiro”, como a colectivização integral e a planificação arbitrária, que priva os homens da liberdade e dos direitos fundamentais da pessoa humana.
Populorum progressio é uma das encíclicas mais importantes da historia da Igreja Católica ainda que tenha suscitado críticas ferozes nos meios mais conservadores, particularmente quando admite o direito dos povos à insurreição revolucionária, nos casos de tirania evidente e prolongada que ofendesse gravemente os direitos fundamentais da pessoa humana e prejudicasse o bem comum do país
A terra foi dada a todos e não apenas aos ricos. Quer dizer que a propriedade privada não constitui para ninguém um direito incondicional e absoluto. Ninguém tem direito de reservar para seu uso exclusivo aquilo que é supérfluo, quando a outros falta o necessário. Numa palavra, “o direito de propriedade nunca deve exercer-se em detrimento do bem comum, segundo a doutrina tradicional dos Padres da Igreja e dos grandes teólogos”. Surgindo algum conflito “entre os direitos privados e adquiridos e as exigências comunitárias primordiais”, é ao poder público que pertence “resolvê-lo, com a participação activa das pessoas e dos grupos sociais”.
—Paulo VI, Encíclica Populorum progressio, § 23
O Escuteiro, sempre com os seus pilares base bem definidos, adaptou-se às diferentes culturas e aos diferentes meios, criando uma fraternidade global, que partilhando os laços de solidariedade, trabalha em prol da paz. Assim facilmente se compreende que o Movimento Internacional tenha adoptado a encíclica de Paulo VI para o progresso dos povos. O escuteiro é um cidadão voluntarioso que desde cedo aprende que todos os homens de “bem-querer” são precisos nesta missão de criar um mundo fraterno, um mundo cooperante, um mundo que todos possamos viver felizes, para um mundo de paz mundial.