Editorial Arauto 76

Novo Ano + Nova Década = Novos Desafios

Para os leitores mais atentos deste editorial fica desde já a nota que não debruçarei sobre operações aritméticas ou algébricas, mas procurava um título que despertasse o vosso apetite para a leitura e desse modo companhia nestes pensamentos e análises.

Tivemos uma década de profunda mudança na sociedade mundial enfrentando as consequências do fim da crise económica iniciada no final da década anterior. Marcada por momentos muito complexos e exigentes, nenhum setor ou área ficou indiferente. Reparem que o casamento entre pessoas do mesmo século foi promulgado em Portugal, aconteceu a Primavera Árabe, a guerra do Iraque chegou ao fim (após 8 anos), Barack Obama foi o primeiro afro-americano a ocupar o cargo de presidente dos Estados Unidos,  tivemos o primeiro Papa emérito com a primeira renuncia papal em 600 anos, a China solidifica a sua posição de superpotência emergente, acontece o agravamento da crise migratória na Europa com centenas de milhares de migrantes irregulares vindos de Africa e Oriente procurando refúgio, a nossa associação fez uma mudança, permitam-me, radical a nível estatutário. Na nossa região iniciamos a década com a liderança do Francisco Pinheiro, passada em finais de 2011 para o Jorge Carvalho, cujo, após deslocalização profissional para fora de Portugal, passou para a minha pessoa em novembro de 2013.

As mudanças de liderança, quando transitadas por dispares visões e valores, tendem a produzir efeitos verticais nas sociedades, exemplo disso são, em referência aos momentos aludidos anteriormente, a mudança de presidentes nos Estados Unidos, a transição papal e as transições em Africa e Oriente, que conduziram o mundo para cenários dispares no equilíbrio da (des)esperança da humanidade.  Daí que será sempre desejável que as transições radicais sejam sempre no sentido do equilíbrio, promovidas por valores maiores em prol da Humanidade e da Natureza.

Fazemos a passagem de década com o facto de ser moda falar da Natureza, diria mesmo ser fanático da natureza e da defesa do planeta transformou-se num valor supremo e todo aquele que não siga o guião criado é linchado nas redes. O problema deste modelo está precisamente no guião criado por uma economia globalizada e lobista que enriquece às custas dos cordeiros seguidistas que não vêm para além do pretendido pela minoria beneficiaria.

Da homilia no Dia da Região, algo marcou o meu pensamento numa validação de simbolismos que tendemos a fanatizar quando não consigamos ver para além das estórias, e aquele exemplo era tão simples, mas ao mesmo tempo deveras complexo para todos os quantos fanatizam a sua visão, incapacitados pela capacidade de pensar além. Exortado por esse pensamento somado à avaliação do estado da humanidade, ouso desejar para a nossa sociedade novas visões e equilíbrios para esta nova década.

Urge arrancar para um novo ciclo em que os Escuteiros Adultos devem tomar uma renovada posição de missão social na sua missão de fraternidade, sendo necessário que nos obriguemos a cumprir o pilar Natureza que sustenta a nossa ação, sendo importante que o consigamos realizar enquanto Igreja motivando e envolvendo a comunidade para a clarificação, educação e sensibilização global para a visão clarificadora deste projeto ambiental.

Para cumprir tamanha demanda necessitamos de ver para além das estórias, interpretando sua simbologia ao invés da sua imitação. Necessitamos de lideranças visionárias e construtivistas, promotoras de novas visões e investigadoras no solucionamento dos problemas que nos apresentam.

Que a próxima década, além dos novos desafios, traga a todos muita sapiência, saúde e energia para que consigamos alavancar a nossa associação na sua missão.

Bom Ano,

André Maciel Sousa