VIDA_Rasto do Fundador
VIDA
Enquanto vivemos a nossa vida neste Mundo, procuremos fazer algum bem que fique depois de nós.
A vida é curta de mais para andarmos a discutir.
Existem dois instrumentos simples e todavia poderosos para educar os rapazes para um civismo feliz, ali mesmo a mão:
1. O entusiasmo esfuziante presente no próprio rapaz.
2. A experiência da vida do próprio educador.
A pior agonia da morte, no instante em que os grãos de areia na ampulheta estão quase a acabar e em que os minutos são preciosos, é a sensação de que tantas horas de vida foram desperdiçadas em coisas sem importância nenhuma.
Sempre me pareceu insólito que um homem, ao morrer, leve consigo todos os conhecimentos que adquiriu durante a vida.
A vida pouco dura e é, portanto, essencial que façamos o que importa e que o façamos já. Quanto a mim, há muitos anos que me acostumei a dizer para comigo: «Dentro de três anos morro. Preciso, pois, de pôr em ordem e de concluir isto e aquilo, senão será tarde».
Sem aventuras, a vida seria mortalmente aborrecida. Com pilotagem atenta, navegação franca e persistência jovial, não há razão para que a tua viagem não constitua êxito completo, por muito pequeno que seja o regato donde partires.
Quem quer que sejamos e onde quer que nos encontremos, tenhamos consciência disso ou não, ao passarmos por este mundo deixamos um rasto atrás de nós.
Outros o verão, e poderão segui-lo. Pode ser um rasto que os conduza para o bem, ou que os faça extraviar-se. Depende de nós. Podemos marcá-lo bem à vista nas árvores para que eles o vejam, ou podemos apenas deixar pegada sem darmos por isso – pegadas essas que, não obstante, podem ser seguidas pela areia. Em qualquer dos casos, vale a pena lembrar que deixamos sempre vestígios de alguma espécie e que, por conseguinte, se dirigirmos os nossos passos na boa direcção podemos levar os outros a seguirem também na boa direcção. A nossa pista está assinalada por aquilo que fizemos, por aquilo que dissemos, ou por aquilo que escrevemos. Aquilo que fizemos transforma-se em marcos permanentemente seguidos; aquilo que dissemos não passa de pegadas que podem ser alteradas ou apagadas pelo tempo; aquilo que escrevemos são marcas bem visíveis conscientemente gravadas nas árvores.
Um princípio que muitas vezes me tem guiado pela vida fora, é o de olhar em redor de duas maneiras: mais alto e mais além.
Começai por «mais além». Tende vistas largas, para além das vossas proximidades imediatas e dos seus limites, e vereis as coisas na sua verdadeira proporção. E, para completar, olhai «mais alto», acima do nível das coisas que vos cercam, e vereis uma finalidade e uma possibilidade mais elevadas para o vosso trabalho – a saber, servir a Deus.
A vida tem mais de um jogo do que de um período de escravidão, e é um bom jogo se foi jogado com esperança. Mas não é como um jogo de salão; é mais como um jogo de futebol, onde tendes de contar com alguns encontrões e com uns quantos trambolhões na lama, mas que não deverão impedir-vos de vos erguerdes de um salto e de continuardes em jogo com a alegre determinação de jogardes para a vitória da vossa equipa, e não apenas para a vossa glória individual.
Graças a uma alimentação comedida, ao exercício ao ar livre e a trabalho e riso abundantes, uma pessoa pode aos oitenta anos manter-se em tão boa forma quanto sempre esteve, tanto no que diz respeito ao corpo como ao intelecto e ao espírito. Mesmo aos oitenta, ainda tem um vasto campo de acção ao seu dispor para tornar os outros felizes e para disfrutar pessoalmente de um mundo tão cheio de belezas e de maravilhas – e de bondade.
Ver também AVENTURA / CASAMENTO/ DIFICULDADES/ EDUCAÇÃO PERMANENTE / FELICIDADE / NATUREZA / TRABALHO
In RASTO DO FUNDADOR